Pesquisa aponta diagnóstico sobre as mulheres no mercado de trabalho

Dados servirão para aperfeiçoar políticas públicas que promovem a igualdade de gênero no mundo do trabalho

25675370546_364b27a395_o

De 2004 a 2014 a diferença salarial entre mulheres e homens diminuiu, com o rendimento feminino ultrapassando os 70% da renda masculina – e o tempo médio de estudo das mulheres aumentou com relação aos homens – 6,4 anos para elas e 5,3 para eles. Os destaques são da Pesquisa Mulheres e Trabalho: breve análise do período 2004-2014, divulgada nesta sexta-feira (11) pelo Ministério do Trabalho e Previdência Social (MTPS) e pelo Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea).

Com base na Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios, produzida pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), o estudo analisou dados da inserção da mulher no mercado na última década (2004 a 2014), e traça um diagnóstico que servirá de partida para ações e políticas públicas que promovam e ampliem a igualdade de gênero no mundo do trabalho.
Entre outras conclusões, a pesquisa demonstra que a população feminina permanece sendo a maioria entre os inativos – 26,7 milhões de inativas e 9,1 milhões de inativos em 2014 – e, considerando a população ocupada, ainda recebem 30% a menos que os homens (na média, R$ 1.288 contra R$ 1.831, em 2014). Os dados apontam ainda que de cada dez mulheres quatro estavam fora do mercado de trabalho em 2014.

Para a coordenadora do Núcleo de Gênero do MTPS, Rosane da Silva, a diferença na inserção das mulheres no mercado de trabalho se explica pela preferência das empresas na contratação de homens, “que têm todo o seu tempo disponível para o trabalho, enquanto as mulheres têm que conciliar o trabalho remunerado e o doméstico, que ainda é uma responsabilidade exclusivamente feminina”, explica.

A diferença na remuneração, apesar de ainda significativa, reduziu-se ao longo do período analisado pela pesquisa. O rendimento médio dos trabalhadores e trabalhadoras no Brasil aumentou em 50% nos últimos dez anos, passando de R$ 1.000, em 2004, para R$ 1.595, em 2014. Este crescimento foi proporcionalmente maior para as mulheres (61%) do que para os homens (44%).

No período analisado, observa-se a estabilização da presença feminina no mercado de trabalho. Em 2005, 59% das mulheres em idade economicamente ativa trabalhavam, passando para 56% em 2011 e 57% no último ano analisado.

Mulheres negras – Se o mercado de trabalho ainda reproduz a herança histórica marcada pelas desigualdades de gênero, para as mulheres negras a disparidade é ainda maior. Em regra, as trabalhadoras negras são mais suscetíveis ao desemprego. Em 2014, 10,2% delas estavam desempregadas, enquanto a taxa entre os homens brancos era de 4,5%.

A série histórica da Pnad aponta também um alto índice de precarização das atividades desenvolvidas por trabalhadoras negras: 39,08% das mulheres negras ocupadas estão inseridas em relações precárias de trabalho, seguidas pelos homens negros (31,6%), mulheres brancas (26,9%) e homens brancos (20,6%).

Estas mulheres também possuem a menor remuneração e são o maior contingente de empregadas sem carteira assinada e em atividades reconhecidas como autônomas. Segundo a análise, mesmo com o movimento de aproximação das rendas, em 2014 as mulheres negras ainda não haviam alcançado 40% da renda dos homens brancos, que era de R$ 2.393, em comparação aos seus rendimentos médios de R$ 946.

Trabalho doméstico – A pesquisa do Ipea indica ainda que 5,9 milhões de brasileiras são trabalhadoras domésticas. Entre as mulheres negras, 17,7% ocupam essa função. Já entre as mulheres brancas, a participação é de 10%.

Os dados apontam que o emprego doméstico exerce pouca atratividade para as mulheres mais jovens, em geral mais escolarizadas, que preferem entrar no mercado de trabalho em outras posições, ou ainda permanecer na desocupação.

25400696600_85efb8f263_o

No período em análise, a renda das trabalhadoras domésticas tem se valorizado em termos proporcionais mais que o salário mínimo. Entretanto, assim como acontece em outras esferas do mundo do trabalho, as mulheres negras também apareceram em desvantagem, ganhando entre 83 e 88% do que ganham as trabalhadoras domésticas brancas.

Para o estudo foram utilizados dados da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (Pnad/IBGE), que considera como população ativa e ocupada, as pessoas que desenvolvem atividade econômica remunerada em dinheiro, produtos ou serviços por pelo menos uma hora na semana. A pesquisa não considera o trabalho doméstico realizado de forma não remunerada pelas mulheres em suas próprias casas.

Fonte: Ministério do Trabalho e Previdência Social

 

25074108794_986e16babe_o 25074789053_f65182f9e6_o 25400692210_be4ba1d6cc_o 25400694230_55cf1e483e_o 25400696110_bf2b2c98dc_o 25400696600_85efb8f263_o 25675372596_c750673c85_o 25701523795_688a785160_o

Compartilhe esta notícia: