Festa “se nada der certo” foi preconceituosa, diz trabalhadora doméstica

“Brincadeira” gerou polêmica e indignação nas trabalhadoras

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Festa dos alunos da Instituição Evangélica de Novo Hamburgo gerou polêmica e mal estar nesta semana. Eles fizeram um encontro com a temática “Se nada der certo”, no qual foram fantasiados conforme profissões e estilos de vida que poderiam ter caso a vida profissional não desse certo. Atividade similar ocorreu no colégio Marista Champagnat em 2015. Dentre as fantasias, alguns jovens se vestiram de faxineiros e faxineiras.

É importante destacar que faxineiras, assim como babás, cuidadoras de idosos e outras trabalhadoras domésticas compõe uma parcela de cerca de 6 milhões de cidadãs brasileiras. O exercício dessa função garante o emprego de 14% das mulheres trabalhadoras brasileiras, e permite, por extensão, que tantas outras mulheres se dediquem a uma profissão no momento em que deixam seu lar sob-bons cuidados.

O trabalho doméstico garante alimentação, limpeza, cuidados e bem-estar a milhares de famílias. É bem provável, inclusive, que muitos dos alunos da instituição tenham em sua casa uma trabalhadora doméstica, que lava seu uniforme e prepara suas refeições, sendo parte importante, então, para o sucesso de sua vida escolar.

A “brincadeira” dos jovens, ao se fantasiarem de trabalhadores domésticos enquanto pessoas que “não deram certo na vida”, reflete com perfeição a forma como a categoria é tratada em nosso país. É fundamental lembrar que somente em 2013 as trabalhadoras domésticas tiveram reconhecidos importantes direitos, como a limitação da jornada de trabalho e o recebimento de horas extras. Ainda assim, diariamente essas mulheres sofrem com desrespeito, indiferença e descumprimento de direitos.

Para a presidenta da Federação Nacional das Trabalhadoras Domésticas (FENATRAD), Luiza Pereira,  “a profissão é vista de forma desvalorizada porque é reflexo da escravidão da qual nossos antepassados foram vítimas. Esse legado nós herdamos não por opção, mas pelo preconceito com o qual as pessoas sempre nos trataram, mesmo com toda a nossa história de luta e resistência. Por isso que nos nunca podemos aceitar essa discriminação e esse tratamento desigual, a luta continua”, explicou indignada a sindicalista.

Com informações do Portal Themis e CUT
Foto: Reprodução

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