Através de uma sessão especial, a Câmara Municipal de Salvador homenageou nesta terça-feira (8) o Movimento Negro Unificado (MNU), que completou 39 anos de existência. O evento foi de autoria da vereadora Marta Rodrigues (PT). A parlamentar destacou a importância do MNU “nas lutas e conquistas inerentes à questão racial”.
Presente à sessão especial, a secretária geral da Federação Nacional das Trabalhadoras Domésticas (Fenatrad), Creuza Oliveira, frisou que a “maioria da categoria é de mulheres negras. E o MNU tem contribuído muito para a luta das trabalhadoras domésticas e também em defesa dos jovens e mulheres negras. E no meu caso foi muito importante para a minha formação político-racial”.
Para Creuza a luta do trabalho doméstico tem a ver com lasse, raça e gênero e o MNU foi apoio fundamental na formação do sindicato das trabalhadoras domésticas da bahia e sempre defendeu um projeto politico para o povo negro. Francisco Xavier, diretor da Fenatrad, também participou da homenagem da Câmara e sente-se contente: “Participar da comemoração dos 39 anos do MNU enquanto homem negro, trabalhador doméstico e que sofro diariamente com o racismo é reconhecer que há um porto seguro que renova minha autoestima”. Para Francisco, o racismo e a opressão ainda sustentam pilares de isolamento: “Patrões ainda promovem ações que desestruturam e destroem nossas referências de raça, gênero e família e isso nos leva a perder a autoestima e a nossa percepção de valores próprios na sociedade”, completou.
Para a vereadora Marta Rodrigues, “em seus 39 anos de existência o MNU e outros movimentos sempre foram importantes paras os avanços sociais, tais como a Lei de Cotas e a implantação da Secretaria de Políticas de Promoção da Igualdade Racial”. Marta Rodrigues argumenta que “o MNU sempre esteve presente nas lutas e enfrentamentos pelos direitos dos negros. Portanto, faz-se aqui uma homenagem a sua história”.
O fundador do MNU, Milton Campos, afirmou que, com 39 anos, “há um renascimento com a participação dos mais novos na luta”.
Ele considera, dentre os avanços para a população negra, a importância da Lei nº 10.639/03. Este marco legal torna obrigatório o ensino da história e cultura afro-brasileira e africana em todas as escolas (públicas e particulares) do ensino fundamental até o ensino médio.
“É uma lei muito importante para os negros terem a consciência da sua história e importância para o mundo”, pontuou Milton Campos. Dentre os desafios da questão racial, citou “o enfrentamento da violência policial”.
A mesa de trabalho da sessão especial também foi composta por José Bites de Carvalho, reitor da Universidade Estadual da Bahia (Uneb); Fábya Reis, secretária estadual de Promoção da Igualdade Racial; Ana Célia Silva, professora aposentada da UNEB e escritora; Claudemiro Dias Bulhosa, coordenador Municipal do MNU; Samira Soares, integrante da Marcha do Empoderamento Crespo; e Crys Barros, representante da Convergência Negra.
O evento também contou com a presença do presidente do Diretório Municipal do PT e ex-vereador Gilmar Santiago.
Com informações da ASCOM Câmara Municipal de Salvador