A Organização Internacional do Trabalho (OIT), a Federação Nacional das Trabalhadoras Domésticas (Fenatrad) e o Solidarity Center realizaram a “Primeira Oficina de Formação de Formadoras”. O evento ocorreu em Brasília (DF), entre os dias 1 e 3 de novembro. O objetivo da oficina foi formar dirigentes dos sindicatos de trabalhadoras domésticas para serem formadoras, por meio de conscientização, mobilização, empoderamento e sindicalização de trabalhadores e trabalhadoras domésticas.
Para isso, o material didático dos seis módulos da oficina intitulada “Fortalecendo os Sindicatos de Trabalhadoras Domésticas” aborda temas importantes para a categoria, tais como formação política, condições de trabalho, normas internacionais, organização, história e comunicação.
“Mais do que livros, estamos falando de conhecimento produzido de forma colaborativa que irá gerar mais conhecimento no Brasil. A OIT tem a honra de trabalhar com a Fenatrad e o Solidary Center para promover esse curso inédito”, disse o diretor da OIT no Brasil, Martin Hahn.
Ao longo de três dias, ocorreram três frentes de trabalho para o fortalecimento dos sindicatos de trabalhadoras domésticas: “formação de dirigentes sindicais de trabalhadoras domésticas para serem formadoras”; “utilização de ferramentas para as trabalhadoras domésticas organizarem e conduzirem formações nos seus sindicatos e “capacitação de dirigentes para a utilização dos módulos de forma autônoma”.
“Os módulos são uma ferramenta de capacitação para outras companheiras do sindicato e vão nos ajudar a dar visibilidade à nossa luta”, disse Luiza Batista, presidenta da Fenatrad.
Historicamente, o trabalho doméstico foi associado a condições de trabalho precárias, tais como informalidade, salários baixos e longas jornadas de trabalho semanais. O material do curso utiliza a expressão “trabalhadoras domésticas” no feminino, pois a categoria é composta em sua maioria por mulheres. No entanto, o material destaca que os trabalhadores domésticos também fazem parte dessa categoria profissional, assim como as imigrantes, que têm os mesmos direitos das brasileiras.
“Existem hoje no Brasil cerca de 5 milhões de trabalhadoras domésticas na informalidade”, disse Jana Silverman, diretora de programas do Solidarity Center AFL-CIO no Brasil e Paraguai. Ela destacou a importância da luta da categoria.
O evento demonstrou ainda a longa trajetória na defesa do trabalho decente e da dignidade para as trabalhadoras e trabalhadores domésticos no Brasil. Uma jornada que culminou com a Ratificação pelo Brasil da Convenção 189 sobre Trabalho Decente para as Trabalhadoras e os Trabalhadores Domésticos, em janeiro de 2018.
Anos antes, o Brasil contou com a representação sindical das trabalhadoras domésticas nas conferências internacionais do Trabalho da OIT, realizadas nos anos de 2010 e 2011, em Genebra, quando foram conduzidas as discussões que culminaram na aprovação da Convenção 189.
“Nossa jornada com a OIT tem início antes do ano de 2000, quando começamos a discutir o trabalho juvenil doméstico. Pois antes disso este tema não tinha muita visibilidade”, destacou disse Creuza Maria de Oliveira, secretária-geral da Fenatrad.
Organização Internacional do Trabalho (OIT)
A representação sindical é uma importante ferramenta de atuação e participação das trabalhadoras e dos trabalhadores na defesa de seus direitos, na capacitação e na preparação para os desafios e as oportunidades do futuro do trabalho. A representação de organização de trabalhadores, assim como a de organizações de empregadores e de governos, é um dos três pilares da OIT, que comemora seu centenário em 2019.
Única agência com estrutura tripartite da ONU, a OIT reúne governos, empregadores e trabalhadores de 187 Estados-membros para estabelecer normas trabalhistas; desenvolver políticas públicas e elaborar programas que promovam o trabalho decente para todas as pessoas. Hoje, assim como há 100 anos, a OIT continuamente trabalha para promover o diálogo social e a participação de governos, trabalhadores e empregadores como agentes ativos de mudança, para a promoção de um futuro do trabalho centrado nas pessoas.
“Foram três dias de atividades que só nos trouxeram alegrias. Foi muito importante fazermos esta formação com as nossas companheiras e nossa expectativa é que ela seja multiplicada em todos os sindicatos. As companheiras elogiaram bastante a metodologia adotada. Esse curso renovou as nossas forças e as nossas esperanças de trazer mais formadoras e possíveis lideranças”, disse a presidenta da Fenatrad, Luiza Batista.
Com informações da OIT.