Publicado no dia 6 de julho de 2020
Nesta última quarta-feira (1º), a primeira-dama de Tamandaré, Sarí Côrte Real, foi indiciada por abandono de incapaz por haver deixado o menino Miguel Otávio de Souza, de 5 anos, sozinho no elevador de seu edifício, no centro do Recife, na ocasião que resultou na morte da criança, no dia 2 de junho.
O inquérito da Polícia Civil foi concluído e considerou que Sarí cometeu o crime de abandono de incapaz que resultou em morte. A pena para esse crime pode variar de 4 a 12 anos.
O inquérito contra ela, que concluiu que houve crime “pretedoloso”, foi conduzido pelo delegado Ramon Teixeira, da delegacia de Boa Viagem.
“Particularmente entendo que, ao que está escrito no Código Penal, o abandono de incapaz com resultado de morte é o tipo penal que mais se identifica com a situação”, pontua a advogada criminalista Clarissa Nunes.
Ela pondera que, se desde o início o delegado Ramon Teixeira tivesse avaliado o caso como abandono de incapaz com resultado em morte, Sarí Côrte Real não poderia ter sido liberada com pagamento de fiança, como ocorreu no mesmo dia de sua prisão. “Crimes com penas acima de quatro anos não dão margem para delegados arbitrarem fiança, ela só poderia sair por decisão judicial. A situação dela foi abrandada para permitir que ela não ficasse na prisão”, avalia a advogada criminalista Clarissa Nunes.
Segundo Luiza Batista, presidenta da Federação Nacional das Trabalhadoras Domésticas (Fenatrad), “o delegado entendeu realmente o que aconteceu baseado na conclusão da perícia, baseado nas imagens que mostra quando ela aperta o botão do elevador. Acredito que agora se amplia a chance da justiça ser feita; ela ser julgada e condenada”, disse.
“Sabemos que se trata de uma pessoa com nome de peso aqui em Pernambuco, que é uma mulher branca, que mora num prédio de luxo, que não tinha necessidade de estar com a Mirtes em casa, já que o governador do Estado tinha decretado o lockdown, e o serviço doméstico foi retirado das atividades essenciais. A mão da justiça sobre as pessoas ricas, de pele clara, é leve. Se fosse o contrário a Mirtes estaria presa, sofrendo todo o tipo de violência”, acrescentou Luiza.
Com informações do Brasil de Fato