Vacina Já!

Publicado no dia 25 de março de 2021

Por Luiza Batista – presidenta da Federação Nacional das Trabalhadoras Domésticas (FENATRAD)

Desde o início da pandemia da Covid-19, em março de 2020, nós, trabalhadoras domésticas, estamos expostas ao Novo Coronavírus. Não foi à toa que a primeira morte no Brasil, no Rio de Janeiro, foi de uma trabalhadora doméstica, uma mulher negra, que trabalhava a 120 km de sua residência.

Temos que lembrar que o vírus entrou no país por pessoas das classes média e alta, que estavam de férias ou a trabalho em países europeus.

Hoje, infelizmente, nós vemos que a maioria das mortes, atinge as pessoas pobres, a classe trabalhadora, que moram nas periferias e utilizam o transporte público. E muitas das pessoas com condições financeiras estão trabalhando em home office, ou seja, em suas próprias casas, é quando saem para a labuta usam o seu próprio automóvel, ou um transporte via aplicativo. E esta é uma realidade bem diferente de uma trabalhadora doméstica ou de quem trabalha em serviços gerais, por exemplo.

Portanto, a classe trabalhadora, mesmo respeitando o isolamento social, se expõe todos os dias no transporte público. As estatísticas apontam que quem mais tem perdido a vida nessa pandemia são os pobres, negros, que vivem nas periferias.

Além de tudo isso, ainda tem a questão do auxílio emergencial. No ano passado, o Governo Federal queria dar apenas R$ 200, foi necessária toda uma mobilização dentro do Congresso Nacional para que chegasse ao valor de R$ 600 e R$ 1.200 para as mães chefes de família.

O Governo Federal tem verba para auxiliar bancos e grandes empresas, mas não tem dinheiro para pagar um auxílio emergencial de R$ 600.  E o que temos agora é um irrisório auxílio entre RS 150,00 e RS 375,00, em quatro parcelas. Com possibilidade de prorrogação até o fim deste ano.

Com relação às vacinas, os grupos prioritários são idosos, profissionais de saúde, entendemos isso. Mas nós trabalhadoras domésticas que estamos expostas no transporte público, cuidando de pessoas com necessidades especiais e crianças também deveríamos ter sido incluídas em grupos prioritário. Até o momento, nem se mencionam as trabalhadoras domésticas na lista de vacinação. Nem aquelas que cuidam dos idosos e crianças.

É preciso que o governo, os parlamentares, revejam esses conceitos do que é prioridade. Assim como a questão do auxílio emergencial. Como se consegue sobreviver com R$ 150, R$ 375?

É com muita tristeza que eu noto que muitas pessoas estão necessitando de uma cesta básica para não morrer de fome. A direção da FENATRAD está angustiada. Pois muitas companheiras estão nos procurando, pedindo que a gente ajude pelo menos com uma cesta básica. Afinal, há casos em que elas não têm nada para alimentar seus filhos. Isso é muito triste!

Moramos num país rico, riquezas naturais, riquezas minerais, e o dinheiro que deveria promover qualidade de vida digna para o seu povo, nossas riquezas, está sendo distribuído a “toque de caixa” e ninguém sabe pra onde vai.

As vacinas deveriam ser para todos, mas estão sendo aplicadas a conta gotas. Nós não atingimos nem 10% da população brasileira vacinada.

São situações em que a FENATRAD mostra a sua indignação, pois estamos num país desgovernado. Nós não temos vacina, auxílio emergencial decente e sequer governo.

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