“Passei a lutar pelos meus direitos de trabalhadora”, diz Luiza Batista à Revista Todos

Em entrevista à Revista Todos, Luiza Batista, presidenta da Federação Nacional das Trabalhadoras Domésticas (FENATRAD), conta a sua trajetória de vida e como conseguiu superar seus medos e se transformar numa líder sindical.

A Revista Todos Traz histórias de vida inspiradoras, surpreendentes e divertidas. A Todos estimula seus leitores a levar uma vida mais ativa, feliz e cheia de significado.

Cinquenta por cento da renda obtida com a Revista Todos no país é destinada para ONGs que atuam na luta contra o câncer, em prol das pessoas com deficiência, microcefalia e das comunidades ribeirinhas.

Conheça as ONGs beneficiadas:

Abraço Microcefalia – atende, em Salvador, crianças e adolescentes com microcefalia, promovendo inclusão social multidisciplinar.

Associação Peter Pan – Com sede em Fortaleza. Atende crianças com câncer.

Fundação Cristiano Varella – Responsável pelo Hospital do Câncer de Muriaé (MG). Referência em tratamento oncológico gratuito.

  • Instituto do Câncer Infantil do Agreste – Referência em combate ao câncer infantojuvenil. Sua sede é em Pernambuco.

Projeto Saúde e Alegria – Com sede em Santa Catarina, presta assistência em saúde a comunidades ribeirinhas.

Confira a matéria com Luiza Batista:

“Passei lutar pelos meus direitos de trabalhadora”

Comecei a trabalhar em uma casa de família aos 9 anos. Cuidava do jardim, passava cera no chão e fazia companhia para a filha da patroa. Mas a criança era geniosa e, um dia, me mordeu. Reagi com um tapa nela, e levei uma surra da patroa com um fio de ferro. Minha mãe me tirou de lá assim que me viu.

Aos 12, apesar do medo de sofrer violência de novo, comecei a ajudar na limpeza em outra casa. A experiência foi boa, e segui como doméstica. Mas vivi situações de muita insegurança antes de ter meus direitos garantidos, como nos três meses em que fiquei internada com tuberculose, aos 16 anos. e também aos 18, quando fui demitida por estar grávida.

Já com quase 20, passei em um processo seletivo para trabalhar como cobradora de ônibus. Deixei minha carteira de trabalho com a empresa no início de 1976, para regularizar a documentação. Mas, ao sofrer uma queda e precisar ir atrás da Previdência no final de 1978, soube que só tinha sido registrada havia seis meses.

O medo de lidar com quem me empregava voltou, ainda mais porque sabia de casos de violência contra empregados daquela viação, mas percebi que precisava ser firme. Pedi demissão, mas não consegui a reposição do tempo sem registro – era ditadura militar e o sindicato estava interditado. Mas, dali em diante, nunca mais trabalhei sem carteira assinada.

Como me aposentei aos 43 anos por causa de sequelas de um câncer, voltei a estudar por meio de um projeto para trabalhadoras domésticas que não haviam concluído o ensino fundamental.

Nas aulas, conheci integrantes do sindicato e passei a frequentar reuniões para ajudar na luta pelos direitos da categoria. Hoje, atuo como presidente da Federação Nacional, ao lado de várias mulheres fortes.

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