Em entrevista, Luiza Batista defende prisão para empregadores que submetem trabalhadoras domésticas a condição análoga à escravidão

Publicado no dia 11 de julho de 2022

A coordenadora-geral da Federação Nacional das Trabalhadoras Doméstica (FENATRAD), Luiza Batista, concedeu uma entrevista, na última quarta-feira (6), para a Rádio Universitária FM (99.9), em Recife (PE), sobre os diversos casos de trabalhadoras domésticas em condições análogas à escravidão.

A entrevista retratou o caso da trabalhadora que passou 43 anos em condições análogas à escravidão e foi resgatada em uma operação realizada pelo Ministério Público do Trabalho (MPT), em Recife, no dia 22 de junho deste ano.

Na ocasião, Luiza Batista defendeu a prisão de empregadores que cometem este crime. “É estarrecedor em pelo século XXI ainda ter pessoas que mantem outras pessoas em condições análogas à escravidão. Um verdadeiro absurdo. Acredito que enquanto não forem tomada medidas enérgicas, enquanto não existirem punições severas, este problema vai continuar. A trabalhadora resgatada passou mais de 43 anos nesta condição desumana”, frisou.

Segundo o MPT, durante a operação foi constatado que a trabalhadora foi entregue à família pelo próprio pai, em 1979. Luiza Batista afirmou que é fácil manipular pessoas que vivem em condições difíceis e miseráveis. “Aí chega uma pessoa branca, de boa aparência, com uma conversa bonita e diz: ‘a sua filha vai estudar, ela vai ajudar em umas tarefinhas da casa, é claro, mas ela vai estudar’. Que pai e mãe não vê com bons olhos a perspectiva de uma filha ter oportunidade e melhores condições de vida? É claro que vai aceitar”, disse.

Luiza Batista ainda acrescentou: “Essas pessoas são presas fáceis nas mãos de pessoas inescrupulosas. Elas se apropriam, roubam a infância, a adolescência, a juventude e a idade madura dessas pessoas, isolando-as do convívio social, não permitindo que estudem, a submetem a trabalhos forçados, jornadas de trabalhos exaustivas, tarefas que vão além das suas condições físicas. Não há dinheiro que pague os anos perdidos”, informou.

Campanha

A FENATRAD e a ONU Mulheres, em parceria com a Organização Internacional do Trabalho (OIT), o Ministério Público do Trabalho do Rio de Janeiro (MPT-RJ) e as instituições Themis - Gênero, Justiça e Direitos Humanos, Articulação de Mulheres Brasileiras (AMB-Rio) e Movimento Negro Unificado (MNU-RJ), e demais parcerias da sociedade civil, lançaram uma  nova campanha em defesa dos direitos das trabalhadoras domésticas – desta vez, com foco no combate ao trabalho doméstico análogo à escravidão, no dia 16 de junho.

Com a hashtag #TrabalhoEscravoDomesticoNuncaMais, o objetivo é conscientizar a população em geral sobre as características do trabalho análogo à escravidão de forma a combatê-lo. A campanha ressalta que se trata de uma prática criminosa e mostra os sinais para que a trabalhadora possa identificar essa situação ou para que pessoas próximas a uma trabalhadora que passa por isso e possam prestar auxílio, fazendo denúncia ao Ministério Público do Trabalho.  

Denúncia

Luiza Batista pede que as pessoas que saibam de casos de trabalhadoras em condições análogas à escravidão que denunciem aos órgãos competentes. “Sabemos que para que este absurdo seja barrado é preciso que existam punições severas aos autores desta prática. A impunidade permite que os casos continuem ocorrendo. Denunciem, não sejam cúmplices”, reforçou.

O Ministério Público do Trabalho dispõe de um canal específico para esclarecimentos e denúncias de trabalho análogo à escravidão. Informe-se e denuncie! Acesse www.mpt.mp.br ou pelo Disque 100, gratuitamente de qualquer telefone.

Compartilhe esta notícia: