Confira a matéria do Jornal A Tarde sobre o Dia Internacional da Mulher Negra Latino-americana e Caribenha – ‘Dia marca luta da mulher negra contra o racismo e a opressão de gênero’

Publicada no dia 25 de julho de 2023

Antonieta de Barros, Carolina Maria de Jesus, Dandara de Palmares, Glória Maria, Maria Felipa, Maria Firmina dos Reis, muitas outras Marias, sua avó, mãe, tia, irmã… Hoje, 25 de julho, é o dia de muitas delas: Dia Internacional da Mulher Negra Latino-americana e Caribenha.

Comemorada desde 1992, a data busca dar visibilidade à luta das mulheres negras contra o racismo e a opressão de gênero. No Brasil, a data ainda homenageia a líder quilombola Tereza de Benguela, símbolo da luta e resistência contra o governo escravista.

“O dia de hoje é para lembrarmos dessas heroínas invisibilizadas que agora estão sendo um pouco mais olhadas, perceber que somos heroínas e que existem muitas outras heroínas na nossa contemporaneidade. É um dia para a gente dizer: estamos aqui, atentas e fortes, falando por nós e pelas que vieram antes. Mas não devemos nos deter ao dia de hoje. Queremos falar de mulher preta o ano inteiro, pois somos assunto para o ano inteiro”, afirma a atriz, escritora, produtora, membro do Bando de Teatro Olodum, historiadora, museóloga e psicopedagoga, Cássia Valle.

Autora, junto a Luciana Palmeira, dos livros infantis ‘Aziza – A preciosa Contadora de Sonhos’, ‘Calu – Uma menina cheia de histórias’ e ‘Felipa’ – uma biografia de Maria Felipa -, Cássia ressalta a importância de levar conceitos de identidade e memória para leitores mais jovens.

“Estamos passando para essas crianças um saber nosso que vem de longe e que deve ser reverenciado. Isso faz com que, quando adulto, ela esteja mais firme em sua personalidade e identidade”, explica.

Mulheres como Maria Felipa não podem ficar invisíveis, salienta a escritora, assim como todo o engajamento em torno da figura dela no Bicentenário do 2 de Julho não pode durar apenas um ano.

“Agora devemos seguir, ano após ano, falando e pesquisando sobre Felipa e tantas outras mulheres ignoradas através da história. Não podemos dar nenhum passo atrás, precisamos aprofundar e contar a importância dessas mulheres na construção de nossa personalidade como mulheres negras empoderadas”, afirma Cássia Valle.

Reconhecimento

O 25 de julho é uma data para refletir sobre a situação das mulheres negras em solo latino americano, afirma a titular da Secretaria de Promoção da Igualdade Racial e dos Povos e Comunidades Tradicionais (Sepromi), Ângela Guimarães.

Assim, nada mais oportuno do que homenagear Maria Felipa, um símbolo do protagonismo negro popular e feminino. Uma referência nos dias atuais. “Precisamos superar a invisibilidade histórica e ressignificar a presença das mulheres negras na memória do bicentenário da independência do Brasil na Bahia”, salienta a secretária.

Em homenagem ao dia de hoje, a Sepromi e a Secretaria de Cultura (SecultBa) decidiram recriar algumas das capas dos jornais ‘Diário de Notícias’ e ‘O Imparcial’ – da década de 1920 – com o intuito de incluir a figura de Maria Felipa, que naquela época foi sumariamente ignorada das comemorações e relatos da Independência, fortalecendo assim sua existência e protagonismo.

A ação integra o conjunto de atividades em celebração ao Bicentenário da Independência do Brasil na Bahia. As capas serão publicadas neste 25 de julho nas redes sociais da SecultBa (@secultba) e da Sepromi (@sepromibahia).

O objetivo é a dimensão política e simbólica do olhar, fundamental para o fortalecimento da cultura baiana. “Só teremos um futuro com democracia quando conhecermos e estabelecermos o protagonismo de fato aos nossos símbolos históricos de luta pela liberdade. Reconhecer e dar visibilidade a Maria Felipa como uma das figuras centrais em uma das principais lutas históricas do país, tem uma dimensão simbólica e reparatória”, destaca o titular da SecultBa, Bruno Monteiro.

Matéria transcrita do site do Jornal A Tarde, no dia 25 de julho de 2023

Compartilhe esta notícia: