
A Federação Nacional das Trabalhadoras Domésticas (FENATRAD) participou, nesta quinta-feira (13), do Painel 5 – Cuidados e o mercado de trabalho: valorização, regulação, profissionalização e conciliação, parte da programação da Academia dos Cuidados – Trabalho Decente e Igualdade de Gênero e Raça para Alcançar a Justiça Social.
O evento, realizado entre 11 e 13 de novembro de 2025 na Escola Nacional de Administração Pública (ENAP), em Brasília, reuniu representantes da OIT, do governo federal, do Mercosul e de organizações da sociedade civil para discutir políticas públicas de cuidado na América Latina.
A FENATRAD foi representada por Cleide Pinto, coordenadora-geral da entidade, que apresentou a trajetória histórica da federação, o legado de Laudelina de Campos Melo e os avanços conquistados na luta por direitos das trabalhadoras domésticas, especialmente durante a pandemia, quando a categoria ficou ainda mais exposta e essencial.
Cleide destacou, em sua participação, a crescente fragmentação das funções domésticas e o risco de precarização associado à expansão desordenada da atividade de cuidadora.
“Apresentei o trabalho da FENATRAD nesses anos todos, nossa luta desde a pandemia, e falei de Laudelina no começo. Reforcei muito a nossa preocupação com a fragmentação das nossas funções, porque essa onda de cuidadoras tem, muitas vezes, o objetivo final de explorar o trabalho doméstico e até diminuir o trabalho doméstico. A nossa luta é para que a gente saia da invisibilidade, não é valorizar uma função e diminuir as outras, e sim valorizar todo o trabalho doméstico, como ele merece. O cuidado começa no trabalho doméstico, porque a trabalhadora doméstica está no cuidado remunerado e também no cuidado não remunerado.”
A coordenadora-geral enfatizou que o debate sobre cuidado precisa reconhecer o papel central das trabalhadoras domésticas, que historicamente acumulam tanto o cuidado profissional quanto o cuidado dentro de suas próprias famílias , com baixa remuneração e sem reconhecimento.
Também secretária-geral da Confederação Latino-americana e Caribenha das Trabalhadoras Domésticas (CONLACTRAHO), Cleide Pinto ressaltou ainda a importância da economia de cuidados na América Latina. E reforçou ainda que políticas públicas devem garantir proteção social, formalização e valorização integral do trabalho doméstico, evitando que novas nomenclaturas sejam usadas para driblar direitos e ampliar a exploração da categoria.
