Publicada no dia 14 de fevereiro de 2020
Dirigente sindicais da categoria das trabalhadoras domésticas repudiaram veementemente as declarações do ministro da Economia, Paulo Guedes. Ele comemorou o aumento do dólar, pois a moeda a “R$ 1,80 permitia a doméstica ir à Disney”.
Confira algumas notas:
Sindicato dos Trabalhadores Domésticos do Município de São Paulo
“Após receber com ojeriza, mas não com surpresa, a fala do senhor Ministro da Economia, o Sindicato dos Trabalhadores Domésticos do Município de São Paulo vem comunicar à categoria que, até o presente momento, não existem restrições à forma como as trabalhadoras domésticas podem utilizar e gastar o seu dinheiro.
Dessa forma, informamos que a trabalhadora doméstica é LIVRE para financiar sua casa própria, financiar a faculdade dos filhos, viajar para onde quiser (inclusive para a Disney), comer carne e iogurte todos os dias e, para a surpresa de alguns, ir até a esquina sem que haja grilhões em seus calcanhares.
Gostaríamos de sugerir que as autoridades competentes não vejam com estranheza as viagens das trabalhadoras domésticas para a Disney; isso foi o resultado de uma intensa luta por direitos trabalhistas, equiparação salarial e por políticas públicas que, entre 2003 e 2016, beneficiaram nossa categoria. O que deveria incomodar o Senhor Ministro da Economia são as inúmeras viagens de patrões financiadas pela sonegação de impostos e o não pagamento de 13° salários, hora-extra e demais direitos trabalhistas para seus empregados”.
Silvia Maria – presidenta
Sindicato dos Trabalhadores Domésticos da Bahia
“É uma declaração embutida de muito preconceito, discriminação e infeliz. É um absurdo um ministro da Economia falar tal asneira. Poucos dias depois de chamar os servidores de parasitas, esse cidadão choca de novo o país falando tamanha besteira”.
Creuza Oliveira – presidenta
Sindicato das Trabalhadoras Domésticas de Nova Iguaçu
“A cada dia eu tenho certeza que estou do lado certo.
Sou trabalhadora domestica, sou pobre e sou negra.
Mas tenho direto de ir pra onde eu quiser, de ônibus de trem ou de avião, pra Japeri ou pra Disney.
Meu trabalho tem valor.
É um preconceito absurdo embutido de ódio de classe. Uns podem, outros não. Essa declaração retrógrada..
Ele esculacha o funcionalismo público e agora as trabalhadoras domésticas.
São essas pessoas que me fazem ter certeza que estou do lado certo.
Que saudade do meu eterno presidente Lula”.
Cleide Pinto – presidenta
Sindicato das Trabalhadoras Domésticas do município do Rio de Janeiro
“Ministro, nós domésticas, temos direito de fazer o que quisermos. E irmos para onde quisermos. Nós trabalhamos para isso. O que queremos é que nossos direitos trabalhistas sejam respeitados”.
Maria Izabel Monteiro – presidenta
Sindicato das Trabalhadoras Domésticas do Maranhão
“O Sindicato das Trabalhadoras (es) Domésticas (os) do Maranhão vem, através dessa nota, mostrar seu total repúdio à colocação do ministro Paulo Guedes. É um absurdo o ministro afirmar que o dólar alto é bom porque empregadas domésticas estavam indo para a Disney.
Esse discurso feito por ele fere a nossa dignidade. É uma colocação racista, misógina e classista. Ele acha que a classe das trabalhadoras domésticas não pode ter o direito de ir para onde quiser. A mentalidade do ministro só reforça o ódio que essa elite brasileira tem ao povo brasileiro. Contudo, queremos dizer, que o salário das trabalhadoras domésticas é uma vergonha, em relação ao trabalho que desempenhamos. Com isso não teríamos condições mínimas nem de sair do estado que moramos. A classe reconhece que nos últimos 13 anos dos governos do PT tivemos algumas pautas atendidas. E dizemos que não aceitamos que o ministro nos trate dessa forma. Nosso total repúdio.“
Maria Isabel Castro Costa – diretora
Sindicato das Trabalhadoras Domésticas de Campina Grande
“Lugar das trabalhadoras domésticas é onde ela quiser. As domésticas pagam seus impostos e geram lucro para o país. Os patrões só exercem suas funções porque nós, trabalhadoras domésticas, estão dentro de suas casas, cuidando dos seus filhos. Repudiamos o ministro Paulo Guedes e toda a sua corja”.
Chilerne dos Santos Brito – diretora