FITH e CONLACTRAHO defendem o fim do quarto da trabalhadora doméstica na casa dos empregadores

Publicado no dia 26 de agosto de 2024

No dia 16 de agosto, foi publicada uma matéria no site do The New York Times sobre a extinção, em muitos casos, do “quarto da empregada” no Brasil. Inclusive, muitos empregadores estão transformando este local em escritórios, conforme relata o jornal.

A reportagem traz também uma entrevista com a coordenadora-geral da Federação Nacional das Trabalhadoras Domésticas, Luiza Batista. A comunicação da entidade repercutiu este conteúdo com a presidenta da Federação Internacional das Trabalhadoras Domésticas (FITH), Carmen Britez, e a secretária geral da Confederação Latino-Americana e Caribenha de Trabalhadoras Domésticas (Conlactraho), Cleide Pinto.

Para o The New York Times, Luiza Batista afirmou que “não há necessidade de essa trabalhadora passar a noite. Essa pessoa trabalha o dia todo. Ela precisa de um lugar decente para descansar. Ela precisa poder bater o ponto. Os quartos de empregada ainda muitas vezes funcionam como armários de armazenamento, abarrotados de tudo, desde eletrodomésticos quebrados até ferramentas de reposição”, disse. “Este espaço nunca é apenas um lugar para o trabalhador descansar.”

Luiza Batista disse ainda que em uma das casas que trabalhou, ela dormia num cômodo cheio de produtos de limpeza, material de construção e um botijão de gás.

Carmen Britez afirma que concorda plenamente com Luiza Batista. “O trabalho doméstico sem descanso ou folga tem que desaparecer, para o bem das trabalhadoras domésticas, para que não sejam escravizadas e exploradas na quantidade de horas que elas têm que trabalhar. Temos também que exigir dos nossos governos ferramentas de fiscalização para não passar mais por essas situações de violência no trabalho e continuar lutando pela ratificação e implementação das Convenções 189 e 190. Embora na Argentina o número de trabalhadoras domésticas que vivem no emprego tenha reduzido, ainda há um percentual desta modalidade. Existe uma lei nacional que confere à essas trabalhadoras o direito a receber alimentação, uniforme de trabalho e um quarto com todas as necessidades e conforto”. 

Para Cleide Pinto, a fala de Luiza Batista é fundamental. “Naquele local, a trabalhadora doméstica não tem descanso. Ela fica a mercê do patrão. Não tem hora para dormir e nem acordar. Acabando com esta realidade, ela tendo a sua casa própria, não tem motivo para ficar na casa de outra pessoa. E ali pode ser submetida até mesmo a um trabalho escravo. A fala de Luiza é fundamental para combatermos esta senzala moderna”, avaliou.

Compartilhe esta notícia: